Em pleno período pandêmico, a piscicultura brasileira cresceu 5,93% em 2020 com 802.930 toneladas produzidas, com a tilápia permanecendo como a principal espécie, conforme dados do Anuário 2021 da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR) divulgados nesta segunda-feira (22/02). Segundo a PeixeBR, 2020 foi dividido em duas fases distintas: nas semanas anteriores à Semana Santa e com o cenário da pandemia mais ajustado no segundo semestre do ano. A pandemia acertou a atividade em cheio nas semanas anteriores à Semana Santa quando as vendas despencaram e trouxeram muita preocupação para os diversos elos da cadeia produtiva. “Foi preciso refazer planos, ajustar custos e redobrar a atenção)”, assinala Francisco Medeiros, presidente executivo da Peixe BR.
Já os seis últimos meses do ano foram os melhores da piscicultura nos últimos anos. O consumo interno cresceu com consistência e o setor respondeu com maior oferta. Como resultado, os preços aos produtores ficaram em níveis consistentes e os elos da cadeia puderam não apenas recuperar os prejuízos da primeira parte do ano mas avançar e fechar o balanço no azul.
O resultado somente não foi melhor devido à pressão dos custos, especialmente das matérias-primas importantes para composição da ração que sentiram a alta do dólar.A tilápia cresceu 12,5%, para 486,155 mil toneladas, principalmente por conta do aumento da demanda no último trimestre. Com isso ela passa a representar 60,6% do total (802.930 t) – em 2019, representava 57% e em 2018, 54,1%. “Houve um aumento do consumo, levando a uma maior demanda. Em 2020, a tilápia volta a crescer dois dígitos. Pelos alojamentos que já temos em janeiro e fevereiro e o que ocorreu em novembro e dezembro, continuaremos a crescer dois dígitos”, indica Francisco Medeiros.
Ainda como reflexo de 2019, ano passado não foi, novamente, um ano muito positivo para os peixes nativos. A produção do segmento atingiu 278.671 t em 2020, com recuo de 3,2% em relação às 287.930 t do ano anterior. Conforme a PeixeBR, foram 9.259 toneladas a menos de um ano para o outro, também é importante destacar que o cenário de retração do segmento tem se repetido nos últimos anos. Em 2018, a produção de peixes nativos recuou 4,7%; em 2019 houve aumento de apenas 20 toneladas. Com esse desempenho negativo, cai para 34,7% a participação do segmento no geral. Apesar da queda, o segmento teve no último trimestre de 2020 uma recuperação dos preços pagos ao produtor, sinalizando alta tanto na produção de peixes nativos como na remuneração aos piscicultores em 2021. “Com a remuneração do segundo no semestre, houve alojamento e compra de alevinos muito grandes. Os peixes já estão na água, e em função de o ciclo ser mais longo, serão despescados ao longo do ano” falou Medeiros. Já as outras espécies (carpa, truta e pangasius, principalmente) mostraram bom desempenho, com crescimento de 10,9% no período. Toda a piscicultura apurou 38,7% de crescimento desde que a PeixeBR começou este monitoramento, em 2014. “Poderíamos ter crescido mais, mas o risco de crescimento negativo era muito grande no início por conta da pandemia. Todo o setor se mobilizou para que pudéssemos ter uma manutenção nos nossos negócios”, completou. No desempenho por Estados, com a produção de tilápia crescendo 11,5%,o Paraná segue na liderança na produção de peixes de cultivo no Brasil. Em 2020, foram 172.000 toneladas contra 154.200 t no ano anterior. São Paulo aparece logo atrás com salto de 6,9% em 2020. Já Rondônia aparece como o maior produtor de peixes nativos do Brasil, com 65.500 toneladas. Apesar de a produção ter recuado 4,8% em 2020, o estado mantém-se na 3ª do ranking estadual.
Fonte: Seafood Brasil